5.9.07

And now...

"E se te disséssemos que Bruno Nogueira, Jorge Mourato, António Feio, José Pedro Gomes e Miguel Guilherme se vão juntar no mesmo palco para uma peça de teatro… Os Melhores Sketches dos Monty Python?"



... diz ali num site qualquer que pretende ser um guia de eventos. Respondendo à pergunta, se me dissessm isso, acho que não conseguia evitar um palavrão ou dois. E não me levem a mal. Eu até simpatizo com o José Pedro Gomes, com o Miguel Guilherme, com o António Feio e com o Bruno Mourato, mas peço a vossa indulgência para uma apreciação devida da minha posição.

Imaginem que são fãs dos Beatles (os Monty Python da música) há muitos anos, que têm os discos todos, que nunca se fartam de os ouvir, apesar de já conhecerem a maior parte das canções de cor. Sabem que dificilmente poderão ter acesso a material novo (mesmo com as compilações, inéditos, versões de estúdio e acústicas que surgem esporadicamente, mais para fazer dinheiro do que para outra coisa qualquer e que, mesmo assim, acabam por comprar) e já se habituaram a viver com isso. Sabem que os Beatles ou estão mortos ou para lá caminham a passos largos e que nunca se juntarão novamente. É a ordem natural das coisas.

Um dia, lêem no jornal (ou num site de eventos) que vai haver um concerto dos Beatles na vossa cidade. Só que não são os Beatles, claro está. Trata-se de um concerto com músicas dos Beatles interpretadas por Miguel Ângelo, Fernando Girão, Quim Barreiros e José Cid. O anúncio do espectáculo diz, em letras gordas, "BEATLES EM CONCERTO" e, por cima, em caracteres miúdos, alguém acrescentou timidamente "as melhores músicas dos". Isto é leal? É digno? Chega a ser decente?

Não é que o material seja intocável e que não se possam fazer "homenagens desinteressadas" (pensei em pôr oito pares de aspas na palavra "desinteressadas"; achei que enchia muito), mas valerá mesmo a pena? Que ganha o público com isso? Uma recriação de algo muito bom em formato "vamos lá a ver se também somos capazes"?

Seria perfeitamente possível convencer Bárbara Guimarães a "homenagear" Eça de Queirós, rescrevendo "Os Maias" à sua maneira ou pôr cinco atrasados mentais em cima de um palco a borrar outras tantas versões dos girassóis de Van Gogh. Mas para quê? Para agradar a uma plateia de tontinhos repetindo chavões com lenços brancos atados à cabeça?

PS: À pessoa que, no dia 4 de Setembro, pelas 16 horas, 52 minutos e 57 segundos, veio cá parar por ter feito uma pesquisa no Google, desejo que tenha conseguido resolver o seu problema.


1 comentário:

Anónimo disse...

E de repente oiço: Monty Python... e os meus olhinhos brilham!!!

Percebo o que queres dizer. Ainda se poderia argumentar que esta seria uma forma de dar a conhecer o génio dos python ao grande publico, mas... O problema é que os Python ou se amam, ou não se percebem. E duvido que o grande publico vá perceber. Além de que existe o problema daquilo que fica "lost in translation".

Beijinhos!!!


(A Monica Lewinski não conseguiu.)

 
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