28.9.07
27.9.07
Santa desilusão!
Avé Maria
Aposto que um dos jornais desportivos terá como título da edição de amanhã: "O Milagre de Fátima". Tenho fé na previsibilidade do jornalismo especializado de Portugal.
PS: A Taça da Liga promete ser emocionante.
PS2: ZZZZZZZZZZZZZZzzzzzzzzzzzzz...
26.9.07
Sabedoria popular desconstruída
25.9.07
O expoente máximo
24.9.07
22.9.07
Independência já!
Mesmo assim, Pinto da Costa emitiu algumas opiniões dignas de registo (...). Aludindo a um encontro entre a equipa local (o Freamunde) e o FC Porto para a Taça (...), fez questão de mostrar o seu contentamento ao identificar que «nos últimos anos» passou a ver muito mais portistas na região, contrapondo com uma maioria benfiquista há não muito tempo: «Isso só é possível graças àqueles que não capitularam. Apesar de muitas pessoas responsáveis neste País falarem em regionalizações que depois vão adiando, ainda há quem resista no Norte e um dos símbolos de virtude e de força que ainda existem é, sem dúvida, o FC Porto.»
in A Bola
Gostava de ver um dia, apenas por alguns meses (porque os valentes portugueses nortenhos não têm culpa nenhuma), esta entidade sociocultural forjada por um punhado de dirigentes desportivos e autárquicos que é o "Norte" convertida em entidade administrativa independente, obrigatoriamente governada por Pinto da Costa. Seria divertido contar o tempo de que precisaria este Nortugal para se transformar numa versão beata e europeia da Coreia do Norte, com o Lucho González e o Lisandro López a fazerem de mísseis nucleares nas grandes paradas militares do São João pela Avenida dos Aliados abaixo.
21.9.07
A ameaça terrorista
Olá. Este blog acaba de ser escolhido como órgão oficial da Al-Qaeda em Portugal. A programação habitual não será alterada, havendo apenas a difusão ocasional de comunicados da perigosa rede de terrorismo internacional. Eis o primeiro.
"Em nome de Deus, o omnipotente, o justo, o eterno, Ossama bin Laden, Seu servo humilde, adverte o povo de Portugal para as terríveis represálias que poderão advir da sua persistência nos caminhos da perfídia. Estas só poderão ser evitadas se os portugueses acatarem três instruções. A saber: (1) Passarem a usar apenas roupa interior de cor azul ou vermelha. (2) Deixarem de acorrer em massa aos hipermercados como locais de diversão. Há cinemas, museus, cafés, teatros e jardins. (3) Passarem a cumprimentar com 'bom dia' ou 'olá' os ocupantes de todos os elevadores em que entrem. (4) Deixarem de chamar Ruben aos seus filhos varões."
Mensagem rabiscada no verso de um bilhete de metro comprado numa das máquinas automáticas da estação de Picoas.
"Em nome de Deus, o omnipotente, o justo, o eterno, Ossama bin Laden, Seu servo humilde, adverte o povo de Portugal para as terríveis represálias que poderão advir da sua persistência nos caminhos da perfídia. Estas só poderão ser evitadas se os portugueses acatarem três instruções. A saber: (1) Passarem a usar apenas roupa interior de cor azul ou vermelha. (2) Deixarem de acorrer em massa aos hipermercados como locais de diversão. Há cinemas, museus, cafés, teatros e jardins. (3) Passarem a cumprimentar com 'bom dia' ou 'olá' os ocupantes de todos os elevadores em que entrem. (4) Deixarem de chamar Ruben aos seus filhos varões."
Mensagem rabiscada no verso de um bilhete de metro comprado numa das máquinas automáticas da estação de Picoas.
19.9.07
18.9.07
Sabedoria popular desconstruída
"O dinheiro não compra a felicidade."
Desconstrução: Completamente falso. O dinheiro compra realmente a felicidade. Pode é não comprar felicidade de todos os tipos ou não chegar para comprar felicidade em quantidade suficiente. A frase foi criada por pessoas com muito dinheiro para convencer outras pessoas com pouco ou nenhum dinheiro a não quererem deitar-lhe a mão.
17.9.07
Há fruta ou chocolate!
Ainda me lembro (porque sou muito antigo) de uma época em que os cartazes dos gelados Olá, aqueles que existiam à porta de cafés seleccionados para permitir a escolha do freguês, eram umas coisas quase artesanais e em cores berrantes com os Cornettos no cimo (os gelados mais caros durante muito tempo), seguidos por outros gelados nobres (os de leite), ficando mais de metade do cartaz reservada para uma miríade de gelados de água de todos os tamanhos e feitios com corantes mais ou menos cancerígenos e que hoje desapareceram quase por completo.
Os tempos foram passando, o país foi evoluíndo (pouco, mas foi) e o grafismo dos cartazes refinou-se. Algures na década de 90, começaram a ser decorados com uma beldade num dos cantos superiores e essa tradição foi-se mantendo até aos nossos dias.
No entanto, o cartaz mais recente da marca marca o início de uma nova época. Tal como a cremosidade kitsch dos Cornettos cedeu lugar no topo à imponência minimalista dos Magnuns, também a beldade anónima decorativa cedeu lugar a alguém que, ou muito me engano, ou será a actriz Eva Longoria. Se, entretanto, virem o cartaz e concluírem que não é ela, façam o favor de pactuar com a minha senilidade e não me estraguem a ilusão. Se for ela, os parabéns à Olá pelo bom gosto e pela fotografia em que segura um Magnum, gelado que contém a mesma quantidade de matéria gorda e açúcares que o seu nutricionista pessoal a autoriza a consumir ao longo de um período de 10 anos. Para dar a dentada necessária à fotografia (acho que o Magnum está mordido), só vai poder voltar a quebrar a dieta lá para 2011.
Refira-se que esta entrada não foi encomendada pela Olá e que não foi prometido ao seu autor qualquer pagamento. Mas, se alguém da marca me ler e achar boa ideia, dá-se preferência a um abastecimento vitalício de Pernas de Pau e Calippos de Morango. Obrigado.
Os tempos foram passando, o país foi evoluíndo (pouco, mas foi) e o grafismo dos cartazes refinou-se. Algures na década de 90, começaram a ser decorados com uma beldade num dos cantos superiores e essa tradição foi-se mantendo até aos nossos dias.
No entanto, o cartaz mais recente da marca marca o início de uma nova época. Tal como a cremosidade kitsch dos Cornettos cedeu lugar no topo à imponência minimalista dos Magnuns, também a beldade anónima decorativa cedeu lugar a alguém que, ou muito me engano, ou será a actriz Eva Longoria. Se, entretanto, virem o cartaz e concluírem que não é ela, façam o favor de pactuar com a minha senilidade e não me estraguem a ilusão. Se for ela, os parabéns à Olá pelo bom gosto e pela fotografia em que segura um Magnum, gelado que contém a mesma quantidade de matéria gorda e açúcares que o seu nutricionista pessoal a autoriza a consumir ao longo de um período de 10 anos. Para dar a dentada necessária à fotografia (acho que o Magnum está mordido), só vai poder voltar a quebrar a dieta lá para 2011.
Refira-se que esta entrada não foi encomendada pela Olá e que não foi prometido ao seu autor qualquer pagamento. Mas, se alguém da marca me ler e achar boa ideia, dá-se preferência a um abastecimento vitalício de Pernas de Pau e Calippos de Morango. Obrigado.
14.9.07
13.9.07
Uma questão simples
A visita do Dalai Lama poderia servir para mostrarmos ao mundo, por intermédio dos nossos bravos governantes, que Portugal é um país com tomates e que nunca põe valores económicos ou políticos acima de valores éticos. Em vez disso, optou-se por não o fazer (até porque seria mentira). Os tomates permanecem devidamente encaixotados para utilização futura.
11.9.07
O dia que não mudou coisa nenhuma
Um dos meus chavões jornalísticos preferidos é a referência ao dia 11 de Setembro de 2001 como "o dia em que o mundo mudou". Tem, sem dúvida, muito valor dramático. Mas, ao certo, de que forma é que o mundo mudou? Terá sido porque o dia em questão marcou o início de uma era em que o mundo (o mundo ocidental e branco, entenda-se) passou a ter motivos para recear o terrorismo?
Consultemos os dados. E, porque me estou nas tintas para a imparcialidade, recorro aos dados recolhidos por esse grupo desvairado de radicais esquerdalhos e conspiracionistas que é o Departamento de Estado dos Estados Unidos (com a consciência de que qualquer definição de terrorismo será sempre discutível).
Assim, de acordo com a fonte supracitada, entre 1968 e 2000, os três anos com mais ocorrências de incidentes terroristas foram 1987 (665 ocorrências), 1985 (635) e 1986 (612). A partir de 1986, os números foram decrescendo de forma quase contínua até se atingir o valor mínimo de 296 ocorrências em 1996. A partir daí, verificou-se nova subida gradual e, em 2000, ocorreram 426 incidentes.
Depois, veio 2001, o tal ano em que, no décimo primeiro dia do nono mês, nos dizem que o mundo mudou. E, pelos vistos, mudou para melhor porque só se verificaram 355 incidentes terroristas. Talvez fosse só o período de acalmia antes da tempestade. A tempestade de 205 ocorrências em 2002. E o furacão de 208 em 2003 (uma preocupante subida de três ocorrências).
Chegou então 2004, um ano que não mudou nada, mas que teve alguns motivos de interesse. Por exemplo, a transferência de poder das forças armadas americanas (que tinham invadido o Iraque no ano anterior porque Saddam Hussein fazia coisas feias e perigosas e também para trazer a paz e a democracia) para um governo interino iraquiano de autoridade questionável. Quantos incidentes terroristas nesse ano? 651. O segundo pior ano desde 1968. E será um exercício divertido tentar adivinhar quantos destes ocorreram no Iraque ou no Afeganistão, outro bastião da democracia recém-libertado.
651? Uma ninharia. Trocos. Veio 2005, os iraquianos elegeram os seus órgãos de soberania e, pasme-se, quatro anos inteiros depois do "dia que mudou o mundo", o número de ocorrências terroristas passava de 651 para 11.111 (de certeza que o número não foi forjado pelo valor icónico).
O que mudou com o 11 de Setembro? Mudaram duas coisas. A primeira foi o perfil urbano de Manhattan. A segunda foi o facto de termos ficado reféns de George W. Bush e das mãos que lhe puxam os cordelinhos, abdicando de direitos ganhos a custo em troca de protecção contra uma organização terrorista que parece esquivar-se à publicidade (indo contra os fundamentos básicos do terrorismo), liderada por um maníaco invisível e intangível que comunica através de vídeos obscuros e é secundado por colaboradores que só conhecemos depois de capturados e mortos.
o 11 de Setembro de 2001 não mudou grande coisa. O 11 de Setembro de 2007 também não mudará. Resta-nos esperar por 2008.
Consultemos os dados. E, porque me estou nas tintas para a imparcialidade, recorro aos dados recolhidos por esse grupo desvairado de radicais esquerdalhos e conspiracionistas que é o Departamento de Estado dos Estados Unidos (com a consciência de que qualquer definição de terrorismo será sempre discutível).
Assim, de acordo com a fonte supracitada, entre 1968 e 2000, os três anos com mais ocorrências de incidentes terroristas foram 1987 (665 ocorrências), 1985 (635) e 1986 (612). A partir de 1986, os números foram decrescendo de forma quase contínua até se atingir o valor mínimo de 296 ocorrências em 1996. A partir daí, verificou-se nova subida gradual e, em 2000, ocorreram 426 incidentes.
Depois, veio 2001, o tal ano em que, no décimo primeiro dia do nono mês, nos dizem que o mundo mudou. E, pelos vistos, mudou para melhor porque só se verificaram 355 incidentes terroristas. Talvez fosse só o período de acalmia antes da tempestade. A tempestade de 205 ocorrências em 2002. E o furacão de 208 em 2003 (uma preocupante subida de três ocorrências).
Chegou então 2004, um ano que não mudou nada, mas que teve alguns motivos de interesse. Por exemplo, a transferência de poder das forças armadas americanas (que tinham invadido o Iraque no ano anterior porque Saddam Hussein fazia coisas feias e perigosas e também para trazer a paz e a democracia) para um governo interino iraquiano de autoridade questionável. Quantos incidentes terroristas nesse ano? 651. O segundo pior ano desde 1968. E será um exercício divertido tentar adivinhar quantos destes ocorreram no Iraque ou no Afeganistão, outro bastião da democracia recém-libertado.
651? Uma ninharia. Trocos. Veio 2005, os iraquianos elegeram os seus órgãos de soberania e, pasme-se, quatro anos inteiros depois do "dia que mudou o mundo", o número de ocorrências terroristas passava de 651 para 11.111 (de certeza que o número não foi forjado pelo valor icónico).
O que mudou com o 11 de Setembro? Mudaram duas coisas. A primeira foi o perfil urbano de Manhattan. A segunda foi o facto de termos ficado reféns de George W. Bush e das mãos que lhe puxam os cordelinhos, abdicando de direitos ganhos a custo em troca de protecção contra uma organização terrorista que parece esquivar-se à publicidade (indo contra os fundamentos básicos do terrorismo), liderada por um maníaco invisível e intangível que comunica através de vídeos obscuros e é secundado por colaboradores que só conhecemos depois de capturados e mortos.
o 11 de Setembro de 2001 não mudou grande coisa. O 11 de Setembro de 2007 também não mudará. Resta-nos esperar por 2008.
Al-Google
"O Comissário Europeu da Justiça e Segurança quer impedir que os motores de busca da Internet possam procurar palavras como bomba, genocídio ou terrorismo. (...) A ideia inicial era impedir que as pessoas acedessem a sites que ensinam por exemplo a fazer bombas, mas Franco Frattini vai mais longe. (...) O comissário quer saber se existe tecnologia capaz de impedir a pesquisa de palavras consideradas perigosas como bomba, morte, terrorismo ou genocídio. (...) Questionado pela Reuters sobre se será correcto impedir as pesquisas associadas ao tema terrorismo, o responsável italiano diz que ensinar a fazer explosivos nada tem a ver com a liberdade de expressão ou informação das pessoas."
in TSF
Outras palavras perigosas: Paranóia, Censura, Autoritarismo, Ditadura.
in TSF
Outras palavras perigosas: Paranóia, Censura, Autoritarismo, Ditadura.
10.9.07
9.9.07
Errata
E a melhor expressão inglesa para qualificar a atitude aparente da família McCann é:
scot-free
Completely free from harm, restraint, punishment, or obligation: "The driver of the car escaped from the accident scot-free. The judge let the defendant off scot-free."
8.9.07
E a melhor expressão inglesa para qualificar a atitude da comunicação social britânica perante Portugal e os portugueses neste momento é:
self-righteous
Confident of one's own righteousness, esp. when smugly moralistic and intolerant of the opinions and behavior of others.
7.9.07
6.9.07
A origem do espécime
Esperar-se-ia que Francisco José Viegas, ou FJV, tivesse um blog pingarelho para gente que arma ao pingarelho e quer aprender com um mestre. E tem, mas não se esgota aí. Entre comentários sobre literatura, desporto e actualidade, há espaço para outros mais mundanos, demonstrando que o autor não se esgota na faceta de autoproclamada eminência parda da cultura com ego desmedido (como há muitas) e vaidade insaciável (idem). O FJV é também capaz de descer quase ao nível do comum dos mortais. Como se perceberá pela referência há um par de dias a uma exposição fotográfica madrilena dedicada à representação do traseiro. Pôs link para a notícia do El País que a referia, afixou fotografia ilustrativa
e citou expressão referida no artigo espanhol que convidava o leitor à descoberta de "culos hermosos y rotundos". Se isto não revela espírito, não sei o que revelará.
Aproveito a deixa para armar também ao pingarelho (o meu sonho é, um dia, chegar aos calcanhares do Xico - já ando a ler a Torah e tudo) e deixo aqui um simpático retrato de um "culo no tan hermoso, pero, sin duda, muy rotundo".
Aproveito a deixa para armar também ao pingarelho (o meu sonho é, um dia, chegar aos calcanhares do Xico - já ando a ler a Torah e tudo) e deixo aqui um simpático retrato de um "culo no tan hermoso, pero, sin duda, muy rotundo".
5.9.07
O pipi deles
And now...
"E se te disséssemos que Bruno Nogueira, Jorge Mourato, António Feio, José Pedro Gomes e Miguel Guilherme se vão juntar no mesmo palco para uma peça de teatro… Os Melhores Sketches dos Monty Python?"
... diz ali num site qualquer que pretende ser um guia de eventos. Respondendo à pergunta, se me dissessm isso, acho que não conseguia evitar um palavrão ou dois. E não me levem a mal. Eu até simpatizo com o José Pedro Gomes, com o Miguel Guilherme, com o António Feio e com o Bruno Mourato, mas peço a vossa indulgência para uma apreciação devida da minha posição.
Imaginem que são fãs dos Beatles (os Monty Python da música) há muitos anos, que têm os discos todos, que nunca se fartam de os ouvir, apesar de já conhecerem a maior parte das canções de cor. Sabem que dificilmente poderão ter acesso a material novo (mesmo com as compilações, inéditos, versões de estúdio e acústicas que surgem esporadicamente, mais para fazer dinheiro do que para outra coisa qualquer e que, mesmo assim, acabam por comprar) e já se habituaram a viver com isso. Sabem que os Beatles ou estão mortos ou para lá caminham a passos largos e que nunca se juntarão novamente. É a ordem natural das coisas.
Um dia, lêem no jornal (ou num site de eventos) que vai haver um concerto dos Beatles na vossa cidade. Só que não são os Beatles, claro está. Trata-se de um concerto com músicas dos Beatles interpretadas por Miguel Ângelo, Fernando Girão, Quim Barreiros e José Cid. O anúncio do espectáculo diz, em letras gordas, "BEATLES EM CONCERTO" e, por cima, em caracteres miúdos, alguém acrescentou timidamente "as melhores músicas dos". Isto é leal? É digno? Chega a ser decente?
Não é que o material seja intocável e que não se possam fazer "homenagens desinteressadas" (pensei em pôr oito pares de aspas na palavra "desinteressadas"; achei que enchia muito), mas valerá mesmo a pena? Que ganha o público com isso? Uma recriação de algo muito bom em formato "vamos lá a ver se também somos capazes"?
Seria perfeitamente possível convencer Bárbara Guimarães a "homenagear" Eça de Queirós, rescrevendo "Os Maias" à sua maneira ou pôr cinco atrasados mentais em cima de um palco a borrar outras tantas versões dos girassóis de Van Gogh. Mas para quê? Para agradar a uma plateia de tontinhos repetindo chavões com lenços brancos atados à cabeça?
PS: À pessoa que, no dia 4 de Setembro, pelas 16 horas, 52 minutos e 57 segundos, veio cá parar por ter feito uma pesquisa no Google, desejo que tenha conseguido resolver o seu problema.
... diz ali num site qualquer que pretende ser um guia de eventos. Respondendo à pergunta, se me dissessm isso, acho que não conseguia evitar um palavrão ou dois. E não me levem a mal. Eu até simpatizo com o José Pedro Gomes, com o Miguel Guilherme, com o António Feio e com o Bruno Mourato, mas peço a vossa indulgência para uma apreciação devida da minha posição.
Imaginem que são fãs dos Beatles (os Monty Python da música) há muitos anos, que têm os discos todos, que nunca se fartam de os ouvir, apesar de já conhecerem a maior parte das canções de cor. Sabem que dificilmente poderão ter acesso a material novo (mesmo com as compilações, inéditos, versões de estúdio e acústicas que surgem esporadicamente, mais para fazer dinheiro do que para outra coisa qualquer e que, mesmo assim, acabam por comprar) e já se habituaram a viver com isso. Sabem que os Beatles ou estão mortos ou para lá caminham a passos largos e que nunca se juntarão novamente. É a ordem natural das coisas.
Um dia, lêem no jornal (ou num site de eventos) que vai haver um concerto dos Beatles na vossa cidade. Só que não são os Beatles, claro está. Trata-se de um concerto com músicas dos Beatles interpretadas por Miguel Ângelo, Fernando Girão, Quim Barreiros e José Cid. O anúncio do espectáculo diz, em letras gordas, "BEATLES EM CONCERTO" e, por cima, em caracteres miúdos, alguém acrescentou timidamente "as melhores músicas dos". Isto é leal? É digno? Chega a ser decente?
Não é que o material seja intocável e que não se possam fazer "homenagens desinteressadas" (pensei em pôr oito pares de aspas na palavra "desinteressadas"; achei que enchia muito), mas valerá mesmo a pena? Que ganha o público com isso? Uma recriação de algo muito bom em formato "vamos lá a ver se também somos capazes"?
Seria perfeitamente possível convencer Bárbara Guimarães a "homenagear" Eça de Queirós, rescrevendo "Os Maias" à sua maneira ou pôr cinco atrasados mentais em cima de um palco a borrar outras tantas versões dos girassóis de Van Gogh. Mas para quê? Para agradar a uma plateia de tontinhos repetindo chavões com lenços brancos atados à cabeça?
PS: À pessoa que, no dia 4 de Setembro, pelas 16 horas, 52 minutos e 57 segundos, veio cá parar por ter feito uma pesquisa no Google, desejo que tenha conseguido resolver o seu problema.
4.9.07
X-file
E, de repente, quando ainda havia quem pensasse que o mundo era um sítio mais ou menos normal:
Um supervisor de operações de socorro do Aeroporto Sá Carneiro foi, esta segunda-feira, detido pela PSP por se recusar a passar uma sandes e uma maçã pelo aparelho de raios X, ao entrar ao serviço.
«Trata-se de um funcionário com elevadas responsabilidades, já que tem a seu cargo a supervisão das operações de socorro, com muitos anos de serviço e devidamente identificado», frisou Luís Magalhães.
O funcionário em questão «não se recusou a passar ele próprio pela máquina de raios X, apenas não permitiu a passagem dos alimentos, já que, dada a sua natureza, eram facilmente inspeccionáveis à vista»."
in TSF
Note-se: "não permitiu a passagem dos alimentos, já que, dada a sua natureza, eram facilmente inspeccionáveis à vista". As desculpas absurdas que estes terroristas inventam!
in TSF
Note-se: "não permitiu a passagem dos alimentos, já que, dada a sua natureza, eram facilmente inspeccionáveis à vista". As desculpas absurdas que estes terroristas inventam!
Para quem sempre quis saber como era, é assim.
Dramatis personae:
AV: A Vítima
CC: Cromo com Capital
LI: Lacaio Insinuante
TE: Terceiro Elemento
-----------------
AV: A Vítima
CC: Cromo com Capital
LI: Lacaio Insinuante
TE: Terceiro Elemento
-----------------
Cena: Um espaço de reuniões. Paredes brancas, tecto branco, chão branco, uma única porta branca, luzes brancas intensas. Sem mesa. Quatro cadeiras dobráveis em plástico preto dispostas em quadrado. Fumo de cigarro enche o ar. Temperatura elevada. Respira-se mal. Sua-se muito.
CC: Em primeiro lugar, queria dizer-te que admiro o teu trabalho pelo pouco que já tive a oportunidade de conhecer, quase nada, e acho que darás um contributo precioso a esta equipa.
AV: Obrigado. Espero que sim.
CC: Quanto ao projecto, admito que não tive tempo para ler, mas parece-me que será o caminho certo. Pedi ao LI para ler e gostou muito.
LI: Li e gostei muito.
TE: E eu também.
AV: Ainda bem. Fico contente.
CC: Parece-me precisamente o tipo de coisa que queremos fazer. Uma coisa nova, arrojada e que se atreva a ir contra o que já existe na televisão em termos de comédia.
LI: Assim uma mistura de Seinfeld com Monty Python.
CC: Isso mesmo. Monty Python. Acho que é uma referência que todos temos em comum.
TE: Monty Python. São muito bons.
AV: Pois.
CC: Apesar de preferir o Benny Hill aos Monty Python. Acho que o homem é um génio incomparável.
AV: Um génio... pois...
LI: Era um génio. Porque já morreu (risos).
TE: (risos)
CC: E, claro, não há nada de mal em adoptar os Malucos do Riso como modelo de humor televisivo de sucesso com um cunho bem português.
AV: Bom...
LI: Os Malucos do Riso, aliás, também devem muito aos Monty Python.
CC: Monty Python.
TE: Python.
AV: Que calor está aqui. Não se pode abrir uma porta?
(uma porta é aberta)
CC: Houve só um ou outro pormenor de que não gostei tanto e gostava de discutir isso contigo, mas será possível que mude de opinião se algum dia chegar a ler. Estou a basear-me na opinião do LI que fez o favor de ler e comentar comigo.
LI: Só li metade e gostei muito.
TE: Eu adorei. A sério. (risos, seguidos de encolher de ombros embaraçado)
CC: Em primeiro lugar, é mesmo absolutamente necessário isto passar-se dentro de uma vivenda pintada de azul? Não teria mais piada se fosse num duplex minimalista pintado de amarelo? Ou numa casa de campo de paredes caiadas.
TE: Ou numa tenda vermelha! (risos)
LI: A ideia do duplex minimalista soa-me muito bem, mas acho que devia ter kitchenette e estar pintado com um sortido de tonalidades pastel.
TE: Isso é muito bom! Laranjas e ocres! E outras cores também.
CC: Isso decide-se depois. Estou só a lançar estes temas de reflexão. Espero que não leves a mal.
AV: Claro que não.
CC: Depois há o problema do tom. O LI achou que era exagerado e sugeriu umas alterações.
TE: Aqui e ali.
LI: O texto está perfeito e não mudava nada, mas acho que este tom não é o mais adequado para uma comédia. Parece tudo... demasiado engraçado. Uma das alterações que sugeri seria trabalhar apenas com personagens com nomes começados por L.
AV: Para quê?
LI: Não sei. Achei que ficava mais cómico. Tive outra ideia. Posso pô-las por escrito se preferires. Que tal fazer uma ficha técnica com letras amarelas em vez de brancas?
CC: Acho que isso é mais do mesmo. Porque não sermos corajosos e introduzirmos a ficha técnica a meio de um episódio. É uma ideia. Estou só a tentar contribuir para enriquecer a discussão.
TE: (risos) Excelente! Muito engraçado! (risos)
LI: Isso já foi feito. Pelos Monty Python.
TE: Pois é. Já foi feito.
CC: E daí? Tudo já foi inventado. Acho que o importante não é ser original, mas sim ser criativo.
TE: Claro.
LI: É isso mesmo.
CC: O que te parece?
(só agora reparam que AV aproveitou a porta aberta para fugir; trocam sorrisos autistas; a seguir, baixam as calças e sentam-se em penicos dourados a la Luis Buñuel; fazem caretas de esforço)
FIM
CC: Em primeiro lugar, queria dizer-te que admiro o teu trabalho pelo pouco que já tive a oportunidade de conhecer, quase nada, e acho que darás um contributo precioso a esta equipa.
AV: Obrigado. Espero que sim.
CC: Quanto ao projecto, admito que não tive tempo para ler, mas parece-me que será o caminho certo. Pedi ao LI para ler e gostou muito.
LI: Li e gostei muito.
TE: E eu também.
AV: Ainda bem. Fico contente.
CC: Parece-me precisamente o tipo de coisa que queremos fazer. Uma coisa nova, arrojada e que se atreva a ir contra o que já existe na televisão em termos de comédia.
LI: Assim uma mistura de Seinfeld com Monty Python.
CC: Isso mesmo. Monty Python. Acho que é uma referência que todos temos em comum.
TE: Monty Python. São muito bons.
AV: Pois.
CC: Apesar de preferir o Benny Hill aos Monty Python. Acho que o homem é um génio incomparável.
AV: Um génio... pois...
LI: Era um génio. Porque já morreu (risos).
TE: (risos)
CC: E, claro, não há nada de mal em adoptar os Malucos do Riso como modelo de humor televisivo de sucesso com um cunho bem português.
AV: Bom...
LI: Os Malucos do Riso, aliás, também devem muito aos Monty Python.
CC: Monty Python.
TE: Python.
AV: Que calor está aqui. Não se pode abrir uma porta?
(uma porta é aberta)
CC: Houve só um ou outro pormenor de que não gostei tanto e gostava de discutir isso contigo, mas será possível que mude de opinião se algum dia chegar a ler. Estou a basear-me na opinião do LI que fez o favor de ler e comentar comigo.
LI: Só li metade e gostei muito.
TE: Eu adorei. A sério. (risos, seguidos de encolher de ombros embaraçado)
CC: Em primeiro lugar, é mesmo absolutamente necessário isto passar-se dentro de uma vivenda pintada de azul? Não teria mais piada se fosse num duplex minimalista pintado de amarelo? Ou numa casa de campo de paredes caiadas.
TE: Ou numa tenda vermelha! (risos)
LI: A ideia do duplex minimalista soa-me muito bem, mas acho que devia ter kitchenette e estar pintado com um sortido de tonalidades pastel.
TE: Isso é muito bom! Laranjas e ocres! E outras cores também.
CC: Isso decide-se depois. Estou só a lançar estes temas de reflexão. Espero que não leves a mal.
AV: Claro que não.
CC: Depois há o problema do tom. O LI achou que era exagerado e sugeriu umas alterações.
TE: Aqui e ali.
LI: O texto está perfeito e não mudava nada, mas acho que este tom não é o mais adequado para uma comédia. Parece tudo... demasiado engraçado. Uma das alterações que sugeri seria trabalhar apenas com personagens com nomes começados por L.
AV: Para quê?
LI: Não sei. Achei que ficava mais cómico. Tive outra ideia. Posso pô-las por escrito se preferires. Que tal fazer uma ficha técnica com letras amarelas em vez de brancas?
CC: Acho que isso é mais do mesmo. Porque não sermos corajosos e introduzirmos a ficha técnica a meio de um episódio. É uma ideia. Estou só a tentar contribuir para enriquecer a discussão.
TE: (risos) Excelente! Muito engraçado! (risos)
LI: Isso já foi feito. Pelos Monty Python.
TE: Pois é. Já foi feito.
CC: E daí? Tudo já foi inventado. Acho que o importante não é ser original, mas sim ser criativo.
TE: Claro.
LI: É isso mesmo.
CC: O que te parece?
(só agora reparam que AV aproveitou a porta aberta para fugir; trocam sorrisos autistas; a seguir, baixam as calças e sentam-se em penicos dourados a la Luis Buñuel; fazem caretas de esforço)
FIM
2.9.07
Good job, Crowned George
"O jogo não foi difícil de dirigir para o árbitro. Como se diz em inglês, foi um Piss Cake."
Jorge Coroado, antigo árbitro (de competência muito duvidosa) e comentador (idem) in Antena 1, no fim do jogo entre o Nacional e o Benfica
Jorge Coroado, antigo árbitro (de competência muito duvidosa) e comentador (idem) in Antena 1, no fim do jogo entre o Nacional e o Benfica
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