23.11.07

Evolução sociolinguística tótil da nice


Antigamente (primeiro sinal de velhice: começar a usar a palavra "antigamente" com frequência), as gírias juvenis desenvolviam-se de forma espontânea nos centros urbanos, com influências várias e espalhando-se depois pelo resto do país, acabando por cobrir quase todo o território com maior ou menor atraso. Dizia-se "bué" e "tá-se bem" e "uma beca" por uma questão de afirmação adolescente e de rebeldia contra o poder instituído dos "caretas".
Mas, nestes últimos anos, tem-se dado um fenómeno peculiar. Quando chegam aos primeiros anos da adolescência, os miúdos de agora (segundo sinal de velhice) começam a falar como os actores dos Morangos com Açúcar que se limitam a debitar texto escrito por um grupo de trintões e quarentões da Linha tentando lembrar-se desesperadamente de como falavam quando eram adolescentes e queriam imitar os jovens suburbanos menos endinheirados com as suas maneiras de falar pitorescas. E que nem sempre conseguem.
Ou seja, os caretas venceram. E isso é bué fatela.

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