12.6.07

O triunfo de qualquer coisa

É frequente os canais de televisão trasformarem em peças com valor "jornalístico" a atribuição de prémios a reportagens por si produzidas. Outros meios de comunicação fazem o mesmo, sem que isso choque grandemente o público.

Desta vez, foi a SIC a noticiar a distinção da reportagem "O Triunfo da Vontade", sobre vítimas de paralisia cerebral que tentam ultrapassar as suas dificuldades quotidianas, com o prémio Família na Comunicação Social instituído pelo Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social.

Nada a dizer. Apenas que os autores da reportagem mereciam distinção também pelo título que escolheram. Não foram os primeiros a adoptar o título de um filme, piscando o olho ao imaginário mediático comum, mas não podiam ter feito escolha mais adequada e sugestiva.

Merece louvor especial a opção pelo título de um filme célebre (não chega a ser um documentário, é mais uma espécie de "concert movie"), realizado por Leni Riefenstahl em 1935, com uma temática que encaixa na perfeição em qualquer relato comovente de pessoas inferiorizadas por deficiência física ou mental.

Aos jornalistas responsáveis, Daniel Cruzeiro, Franco Santos e Rui Rocha, o meu muito sincero "Sieg Heil".


PS-Seria muito fácil responder-se a isto com: "Não, não! Foi intencional. Isto é ironia da fina, meus amigos!" Nesse caso, deixaria de ser uma simples trapalhada e passaria a ser maldade.

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