30.6.08

28.6.08

Prosa da boa

(Excerto do texto "A Eterna Insatisfação" da autoria de Cláudio Ramos e publicado no seu blog.)



"Porque será que gosto tanto de azul escuro mas hoje apetece-me vestir uma camisola amarela? Todos sabem que gosto de usar o cabelo no ar, mas hoje porque será que prefiro vê-lo penteado? Não gosto de conduzir. Não me apetece andar a pé. Que faço se não quero gastar dinheiro num taxi nem andar de transportes? Gosto de beijar. Fazer amor. Acreditar que há uma enorme diferença entre fazer sexo e amar, mas porque será que há dias em que apetece mais o sexo que o amor? Gosto de andar na rua de havaianas, mas hoje não me apetece. Fico com os pés sujos."

24.6.08

Shit, piss, fuck, cunt, cocksucker, motherfucker, tits


George Carlin, o homem que desenterrou as sete palavras da língua inglesa capazes de destruir a civilização como a conhecemos. (12/5/1937 - 22/6/2008)

'I know George didn’t believe in heaven or hell. Like death, they were just more comedy premises. And it just makes me even sadder to think that when I reach my own end, whatever tumbling cataclysmic vortex of existence I’m spinning through, in that moment I will still have to think, “Carlin already did it.”'

Jerry Seinfeld

E agora...

... o pior emblema de clube de futebol do mundo.

21.6.08

Que belo é o amor

Posso ser a pessoa mais doentia do mundo, mas este cartaz da nova telenovela da TVI é hilariante. E nem vou explicar porquê.

20.6.08

Passatempo de Verão

Descubra a pessoa ridícula, escaldada do sol e ligeiramente estrábica na seguinte fotografia.

19.6.08

Rescaldo


Perdemos e merecemos perder. Mas o homem sentado no banco de treinador da Alemanha chamava-se Flick.

15.6.08

12.6.08

Manjericos com quadra


Ó meu rico Santo António,
Meu santinho fraldiqueiro,
Enriquece-me o património,
E faz-me ganhar muito dinheiro.

9.6.08

Há mar e mar, há ir e voltar... ou não



"
Costa cheia de tubarões

A costa portuguesa tem mais de trinta espécies diferentes de tubarões, entre elas o famoso tubarão-branco que costuma passear-se nas águas do mediterrâneo junto ao Algarve."

in Correio da Manhã

Tentativa alarmista? Quem? Nós?

7.6.08

Pisando os calos a Magalhães


Passei estes anos todos alheio ao fenómeno "Gonçalo Cadilhe". Não sabia quem era, além de o ver na capa de livros de viagens de sua autoria. A ignorância durou até ao dia de hoje. No rescaldo da brilhante vitória da selecção, pus-me a saltar de canal em canal para descomprimir e encontrei na RTP 2 um capítulo de "Nos Passos de Magalhães", série documental sobre a viagem mais célebre de Fernão de Magalhães (não, ainda não é desta que alguém levou à televisão a vida desse astro do futebol que foi Jaime Magalhães). E o que descobri sobre Gonçalo Cadilhe quase me fez esquecer os remates ao poste. "Nos Passos de Magalhães" é, basicamente, um vídeo de férias daqueles que só agradam a quem os faz e os usa para atormentar amigos com visionamentos forçados. A diferença é que a realização é um pouco melhor e há uma divisão em capítulos. É também, obviamente, de execução muito mais cara. O narrador/protagonista/aventureiro/viajante é uma completa desilusão, limitando-se a declamar de memória composições da escola primária, com profundidade, qualidade estilística, correcção oratória e entoação capazes de afundar qualquer frota.
Preferia continuar sem saber quem era.

Comentário especializado

Repórter da TVI em directo do Marquês de Pombal: - Qual é o teu jogador preferido?
Rapariga eufórica: - O Quaresmaaaaaaaaaaa!
Repórter: - Achas que o Quaresma esteve bem esta noite?
Rapariga: - Ele não jogou, pá.

Que raio aconteceu aqui? (seja o que for, parece ter sido muito divertido)


Chamo a atenção daqueles que repararem apenas no garrafão para a boa de plumas enrolada à volta do sinal de estacionamento, junto ao cesto de lixo.

6.6.08

O Caminho da Felicidade

Esperava que houvesse um divã ou, pelo menos, um sofá corrido em couro envernizado e surpreendeu-se com a cadeira reclinável baratucha e respectivo suporte para os pés. Instalou-se por instrução do doutor e entreteve-se a olhar os diplomas emoldurados na parede enquanto a ficha que preenchera na sala de espera era vista e revista pela frente e pelo verso.

— Então vamos lá — disse o doutor. Era o sinal esperado para começar a desbobinar o seu rosário de chagas. Não sabia bem por onde começar e, continuando sem saber depois de olhar a questão de vários ângulos, decidiu-se a começar pelo princípio.

— O meu problema são os Delfins, senhor doutor.

— Os Delfins?

— Precisamente. A banda. Aquela do Miguel Ângelo. Estavam muito na berra aqui há uns anos. Lembra-se?

— Vagamente. — Não lembrava ou talvez nunca o tivesse sabido. Preferia não admitir porque ficava mal a um doutor não saber coisas por mais remotas que fossem. E até parecia não ser esse o caso. — E de que forma é que o seu problema se relaciona com esses tais Delfins?

— Sonho com eles. Ou melhor. Não sonho realmente com eles. Tenho sonhos normais e variados, os mesmos que toda a gente terá ou assim calculo. O problema é que, de há uns tempos para cá, todos os meus sonhos têm banda sonora dos Delfins. Não estão presentes e não os vejo em parte alguma. É como se alguém pusesse a música a tocar. Será normal?

— Hmm… — era a melhor coisa a dizer para acompanhar um coçar de queixo intrigado. — Fale-me de um desses sonhos.

— É como lhe disse. Não têm nada de especial. Posso contar-lhe o desta noite. Estava numa praia tropical, o que só acontece em sonhos porque a única praia que frequento é a Costa da Caparica, e dividia a toalha com a minha bisavó que morreu tinha eu nove anos de idade. Lembro-me que o céu tinha uma cor vagamente alaranjada, o que era bizarro, mas não inteiramente desagradável. O que estragava tudo, mesmo com a bisavó a perguntar-me porque ainda não me casei e a oferecer-me couratos fritos de sanguessuga de uma salva de prata, era o raio da música sempre a tocar. “Sou Como Um Rio.” Nem sequer batia certo com o cenário. Mas mesmo que fosse “Um Lugar ao Sol” o efeito seria exactamente o mesmo. Até já tenho tido sonhos acompanhados por músicas dos Delfins que nem sequer existem.

— Compreendo — disse o doutor. Não compreendia. — E isto incomoda-o assim tanto?

— Se me incomoda? O doutor ponha-se na minha posição. Imagine-se a ter um sonho erótico. Quem não gosta de os ter, não é verdade? E imagine que as peripécias do sonho eram acompanhadas pelo “Ao Passar Um Navio”. Como diz a letra? “Ao passar um navio, fica o mar sempre igual.” Tem algum jeito?

— É realmente invulgar — considerou o doutor, começando a enfadar-se e desejando despachá-lo o mais depressa possível. — Acontece-lhe há muito?

— Começou numa noite em que estava sem sono e decidi pôr-me a vasculhar em caixotes de quinquilharia que guardo debaixo da cama. Encontrei uma cassete que alguém me gravou certa vez. Uma antiga namorada que acabou por casar com um engenheiro hidráulico com hálito permanente a cebola, mesmo quando não as comia. Disse-lhe que nunca tinha ouvido Delfins e ela achou que não podia ser e que tinha de ouvir porque era bestial. Gravou-me a maldita cassete e nunca a ouvi. Ora, nesta noite, mordeu-me o bicho da nostalgia e fiz-lhe a vontade depois destes anos todos. Pelos bons velhos tempos, vá. A meio da segunda canção (era o Saber a Mar), já dormia. E assim fiquei, muito depois de a cassete chegar ao fim e até ser acordado pelo sol nascente, com dor de costas e um zumbido estranho nos ouvidos. Na noite seguinte, tive o primeiro sonho.

O doutor olhou o relógio. Podia finalmente pô-lo a andar sem melindrar grandemente a deontologia.

— O seu caso é realmente muito interessante. — Não era. — Proponho que hoje fiquemos por aqui. Vou reflectir um pouco e, na próxima sessão, começaremos a discutir possíveis terapias.

Não houve próxima sessão porque percebeu que fora mais uma visita em vão e que também aquele especialista era incapaz de o ajudar. Sentiu-se destroçado no caminho para casa. Restavam-lhe poucas alternativas e nenhuma era agradável. Mas qualquer coisa seria preferível a tamanho sofrimento.

Semanas depois, numa altura em que começava a cheirar a Natal, ligou para um programa televisivo de consultório clínico e expôs o problema. De tal forma espantou o painel, que foi convidado a narrar o seu drama em directo, comovendo milhares de telespectadores. A receita foi repetida noutros programas e tornou-se presença assídua, sobretudo na programação da tarde. Havia mesmo quem o apontasse na rua, dizendo: “Lá vai o tipo que ouve os Trovante em sonhos!”

Seria quase inevitável que as coisas não evoluíssem como evoluíram. Um qualquer espírito iluminado da programação entendeu que seria boa ideia colocá-lo frente a frente com o próprio Miguel Ângelo e em pouco tempo se combinou tal emissão. Não foi tão dramático como a produção ansiara. Não eram realmente os músicos dos Delfins que o afectavam, mas apenas a música que produziam e apenas em sonhos. Acabou por se tornar amigo do cantor, que se mostrou solidário com o seu incómodo e consciente de que não poderia agradar a gregos e troianos (ou sequer a gregos), e o pormenor de os seus sonhos serem, por vezes, acompanhados por melodias nunca gravadas ou mesmo compostas, foi um dos grandes alicerces da cumplicidade entre os dois e aí teve início uma parceria que daria frutos, tornando-se rampa de relançamento da carreira do grupo e fazendo a fortuna do compositor inconsciente e involuntário. É hoje um homem rico e famoso. Mas também profundamente infeliz.

R. Carreira, Junho, 2008

3.6.08

Smells like teen spirit

Kurt Cobain's ashes stolen

The Nirvana frontman's remains have been taken from the Hollywood home of his widow Courtney Love

in Guardian

Um aviso a todas as figuras icónicas da música:

Tomem medidas em vida para evitar a redução dos respectivos restos mortais a formas facilmente inaláveis.
 
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