O arrojo ao alcance de qualquer choninhas

A receita é simples e foi cozinhada pelos publicitários contratados pela cerveja Tagus. Primeiro, aposta-se numa campanha assumidamente provocatória para conseguir criar polémica e ganhar visibilidade com isso. Quando é precisamente o que acontece, volta-se atrás, afixam-se uns cartazes com justificações mal-amanhadas e cobrem-se os vestígios da campanha anterior, esperando que a memória do público seja tão ténue como habitualmente é. Bravo.

O génio resumido em cerca de 40 palavras

- You live here all alone?
- Yes, just me and my memories. I'm practically a hermit.
- A hermit? I noticed the table is set for four.
- That's nothing. My alarm clock is set for eight. That doesn't prove a thing.

A Night at the Opera, 1937

Safari (pede-se o favor de não alimentar as feras e de manter os braços dentro do veículo)

Alguns dos líderes africanos cuja presença na Cimeira União Europeia-África não incomodará o governo português nem melindrará os líderes europeus.

Ziad Ben Ali


Presidente da Tunísia desde 1987. Reeleito nas primeiras eleições multipartidárias do país em 1999 com 99.6% dos votos e novamente reeleito em 2004 com 94.4% depois de uma emenda constitucional que lhe permitiu continuar no cargo. Apesar de a liberdade ser oficialmente apregoada, os meios de comunicação e a internet são controlados pelo governo. As prisões tunisinas estão apinhadas de presos políticos e as torturas e desaparecimentos são frequentes.

Teodoro Obiang Nguema


Presidente da Guiné Equatorial desde 1979 depois de depor o anterior presidente (o seu tio) e de ordenar a sua execução por mercenários marroquinos (nenhum soldado do país poderia fazer parte do pelotão de fuzilamento por se acreditar que o antigo ditador possuía poderes mágicos). Em 2003, a rádio nacional anunciou o estatuto divino do presidente e o seu contacto contínuo com o Todo-Poderoso que lhe permitia matar indiscriminadamente sem condenação e sem ir para o Inferno. Para impedir os funcionários públicos de se apoderarem de fundos nacionais, depositou o tesouro nas suas contas privativas. Sem referir os rumores de canibalismo, resta a boa notícia de que sofre de cancro em estado terminal, motivo que poderá levar à sua substituição na cimeira por um dos seus possíveis sucessores, o filho ou o irmão mais novo.

Muammar Qadaffi


Líder líbio desde 1969 com o título de "Líder Fraterno e Guia da Revolução". Apesar de uma aproximação recente ao Ocidente, continua a não existir na Líbia qualquer coisa que se assemelhe a liberdade de imprensa ou de associação. A constituição de partidos políticos é ilegal e a oposição ao governo é "severamente desencorajada". Quem optar por não seguir a recomendação arrisca-se a ficar preso por tempo indefinido. Ou pior.

José Eduardo dos Santos


Presidente de Angola desde 1979. Não se pode dizer que seja um ditador completo porque venceu a primeira volta das eleições presidenciais de 1992, as únicas em que participou. Espera-se que volte a convocar eleições dentro de alguns anos (quando lhe apetecer). Domina grande parte da economia e dos recursos naturais do país, estando o resto entregue aos seus familiares ou amigos. É provável que tenha direito a cumprimento efusivo dos líderes portugueses.

Etc, etc...

Curso de Biologia básica no Palácio de Belém já!

"O que é que é preciso fazer para que nasçam mais crianças em Portugal?"

Cavaco Silva, 24/11/07, Gouveia

Nota: Acho que nunca um governante português nos mandou foder com tanta frontalidade. Bravo, Aníbal!

Evolução sociolinguística tótil da nice

Antigamente (primeiro sinal de velhice: começar a usar a palavra "antigamente" com frequência), as gírias juvenis desenvolviam-se de forma espontânea nos centros urbanos, com influências várias e espalhando-se depois pelo resto do país, acabando por cobrir quase todo o território com maior ou menor atraso. Dizia-se "bué" e "tá-se bem" e "uma beca" por uma questão de afirmação adolescente e de rebeldia contra o poder instituído dos "caretas".
Mas, nestes últimos anos, tem-se dado um fenómeno peculiar. Quando chegam aos primeiros anos da adolescência, os miúdos de agora (segundo sinal de velhice) começam a falar como os actores dos Morangos com Açúcar que se limitam a debitar texto escrito por um grupo de trintões e quarentões da Linha tentando lembrar-se desesperadamente de como falavam quando eram adolescentes e queriam imitar os jovens suburbanos menos endinheirados com as suas maneiras de falar pitorescas. E que nem sempre conseguem.
Ou seja, os caretas venceram. E isso é bué fatela.

Wiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii(coff)iiiiiiiiiiiiiiiiiiiii

Nostalgia esférica

Ainda a digerir a magnífica prestação da selecção nacional no jogo de ontem, apraz-me recordar um dos melhores golos a que tive o prazer de assistir em directo. Foi no Mundial de 94 e, estranhamente, o seu autor jogava pela Arábia Saudita. Não fará grande diferença dizer ou não o nome do senhor, mas, por uma questão de justiça, aqui fica: Said Al-Owairan.

Anda uma pessoa a tirar um curso de publicidade durante seis meses e a dormir com o amigo do primo de um dos sócios da agência para isto...

N razões para ser picuinhas

Porque será que há gente que não pronuncia o N de Finlândia? Nem sequer é mais difícil dizer Finlândia do que dizer "Filândia". É uma opção consciente pela estupidez? Não percebo.

Proponho em alternativa que deixemos de ser toscos e comecemos a mutilar-lhes o nome do país apenas depois de nos empurrarem para fora do Euro amanhã. Ou, se isso não acontecer, podem eles começar a chamar-nos "Potugal".

Pronto ASAE, agora é pessoal!

A Ginjinha do Rossio e o Quarteto, as duas vítimas mais recentes do excesso de zelo da ASAE encenado para as câmaras televisivas .

Acabou-se o que era doce

No dia em que é posta à venda em Portugal a tradução portuguesa do último livro da saga Harry Potter, uma mente maldosa poderia sentir-se tentada a revelar o fim.

Hmmm...

Ora bem, Voldemort e Dumbledore são a mesma pessoa. No fim, Harry rende-se à sedução do mal e junta-se ao seu mentor depois de este lhe ter declarado o seu amor eterno.

Fim.

Ora porra

Fui informado por um insigne especialista em tretas jurídicas que, afinal, parece que a ASAE é mesmo uma polícia. Fica o braço devidamente torcido e o mea culpa carimbado. Agora vou ali fazer uns DVDs piratas para vender na feira amanhã. Ora toma!

A culpa não morrerá solteira

Afinal, a culpa dos massacres escolares (daqueles que são perpetrados pelos próprios alunos com armas de fogo; não estou a comentar o aproveitamento dos nossos estudantes) não é apenas dos músicos que gostam de ouvir ou dos jogos de vídeo que gostam de jogar. Isso seria uma visão simplista do fenómeno. De acordo com a cobertura mediática do rescaldo do massacre recente na Finlândia (feita entre um fait divers e outro), os dedos da sociedade conscienciosa deverão apontar-se também à internet por permitir que os assassinos ou candidatos a assassinos comuniquem entre si e troquem experiências. A culpabilização dos telefones, do correio tradicional, do telégrafo e dos sinais de fumo estará para breve.

Quanto aos que acharem que a culpa será da indiferença dos pais e das escolas e também de uma ou outra falha no diagnóstico de doença mental grave entre os adolescentes, estejam caladinhos porque não sabem o que dizem. Xiu.

Viva a colher de pau e o galheteiro colectivo!

Por vezes, a actividade da ASAE parece nortear-se mais por uma ânsia de mostrar serviço do que pela sua missão, que é a simples fiscalização económica. Simples porque, apesar do aparato mediático em torno das suas acções recentes e que parece ser apreciado (ou mesmo desejado), a fiscalização económica não deixa de ser algo de fundamentalmente simples, necessário e que se quereria discreto. De qualquer forma, necessário não será, certamente, que os integrantes das equipas da ASAE andem armados (afinal, a ASAE não é uma força policial ou militar), usem máscaras e se comportem como uma polícia de choque. Mas isso é apenas mais um dos muitos elementos que, nos últimos anos, têm feito de Portugal um país cada vez mais sinistro.

PS-Ao argumento "mas é preciso precaver contra reacções mais exacerbadas dos fiscalizados", responde-se com "e os funcionários das Finanças vão começar a andar com caçadeira"?

Terror à portuguesa

É prazeroso constatar que, em Portugal, também já se prendem "suspeitos" de "terrorismo" (como sucede em países ocidentais mais desenvolvidos) por suspeitas vagas e com acusações que acabam quase sempre por se perder nos labirintos judiciais.

Espero que, em breve, sigamos o exemplo recente dos Estados Unidos e alteremos a definição de "tortura" para podermos aplicá-la nos interrogatórios sem perder a fachada de apreciadores dos direitos humanos.

Macacada

Revelação súbita:

Olhando para uma grande parte da produção literária, televisiva e cinematográfica portuguesa, parece-me claro que muitos dos nossos criadores (talvez a maioria) aplicam aquele teorema segundo o qual um número infinito de macacos a martelar as teclas de uma máquina de escrever durante tempo infinito acabará por reproduzir as obras completas de Shakespeare, mas fazem-no com mão-de-obra drasticamente reduzida e em tempo recorde.

Ricky Gervais e a tragédia humanitária africana

I have a dream

E é este. Que, um dia, se possa falar neste país em Salazar (chamemos-lhe "Velho das Botas" por uma questão de respeito ou, em alternativa, "Sacana do Velho") sem que uma grande parte das figuras ligadas à nossa esquerda política se transformem em caricaturas.

PS-Pensei em ilustrar esta entrada com uma fotografia do Sacana do Velho, mas achei que estava muito visto. Em alternativa, optei pelo resultado mais comum numa busca de imagens no Google com a palavra "Salazar".

True story

E a quinta frase completa da página 161 do livro mais à mão é: "Jacinto sabia, mas não o disse a Betsy, que a melhor dieta canibal se concentraria unicamente na deglutição de crianças em idade pré-escolar e de freiras cinquentenárias de compleição obesa."

Sentido de humor

Quando me for entregue o bastão de ditador absoluto do mundo (e não tardará), todos os que usarem a palavra "sketch" para referir rábulas televisivas mais do que uma vez por dia serão forçosamente sodomizados por um rinoceronte desvairado. A não aplicação do castigo logo na primeira utilização não significa que esta seja aceitável. Trata-se apenas de tolerância e magnanimidade.

Pensarei atempadamente no castigo adequado para quem comprar DVDs do Nilton ou tiver pago para ver "O Filme da Treta" no cinema. O elefante medicado com dose reforçada de Viagra permanece como hipótese em ponderação.

Jogos de língua

O guarda-redes Butt do Benfica não vale um cu.